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Postado em: 22/10/2021
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Câncer de mama em cadelas e gatas é frequente, mas pode ser prevenido

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Todo mês de outubro, a campanha Outubro Rosa mobiliza instituições de todo o Brasil com iniciativas para conscientizar sobre o câncer de mama nas mulheres, como as que o IMAMA, o Instituto das Mamas do Rio Grande do Sul, realiza em Porto Alegre. Mas a doença não afeta só humanos, o câncer de mama em cadelas é muito frequente. Por isso, a instituição fez uma parceria com o hospital veterinário Mundo Animal para também fazer ações de conscientização voltadas para os tutores desses animais.

Essas ações acontecem nos eventos que o IMAMA está promovendo durante todo o mês de outubro, principalmente nas praças da capital do Estado. Além das informações sobre o tumor de mama que os tutores de animais recebem, é feito o exame de toque para detecção de alterações nas cadelas e gatas levadas por eles ao evento. Para falar sobre o assunto, o Mundo Animal convidou as médicas veterinárias Mariana Brino, que é clínica geral, e Monalisa Rosa dos Santos, que é oncologista.

A Dra. Mariana alerta sobre “a importância de levar os animas ao médico veterinário e para checkups periódicos, que permitem até fazer o diagnóstico precoce da doença, o que aumenta as chances de sucesso no tratamento”. Ela explica que “assim como acontece nas mulheres, existem diferentes tipos de câncer que podem afetar as mamas de cadelas e gatas. Dos machos também, mas os casos neles são bem raros. E que é essencial saber quais são as características dos tumores, pois isso é que vai indicar para o veterinário qual o melhor tratamento para cada caso”.

“É importante fazer o checkup do animal com constância – diz a médica -pois é quando também é feito o exame de toque nas mamas. Da mesma forma que a medicina preventiva é importante para os humanos, também é para os animais. Porque, fazendo checkups periódicos, é possível diagnosticar doenças bem no início. O problema é que, às vezes, o tutor demora a levar o animal e, quando finalmente isso acontece, pode ser tarde demais”.

O tutor também pode ser orientado para fazer na cadela ou na gata o exame de toque nas mamas com regularidade. Sentindo qualquer alteração, às vezes do tamanho de um grão de arroz, é necessário levar o animal ao médico veterinário e, se necessário, fazer exames complementares”, diz a Dra. Mariana. “Em relação aos exames para diagnóstico do câncer de mama, em primeiro lugar vem o de toque das mamas. O raio-x também ajuda bastante, podendo ser feita também a punção do tumor para fazer uma citologia”.

“Depois que for diagnosticado, dependendo do caso, é feita a retirada cirúrgica e acompanhamento. Conforme o grau de malignidade do tumor e o estágio da doença, o oncologista vai determinar o tratamento mais adequado, que pode incluir a quimioterapia”, conclui a médica.

Fatores de risco para o câncer de mama em cadelas e gatas e sinais da doença

“Nas cadelas, o câncer de mama é o principal tipo de tumor, enquanto nas fêmeas felinas ele é o terceiro mais frequente”, diz a Dra. Monalisa. “Tanto nas cadelas quanto nas gatas, o fato de não serem castradas predispõe ao tumor de mama. A predisposição vai aumentando até o terceiro cio nas cadelas e um ano de vida nas gatas. A partir disso, o risco de desenvolver o tumor de mama é igual”.

“Outros fatores de risco são a obesidade, dietas ricas em gordura, uso de anticoncepcionais exógenos (explicar). Em relação à obesidade, é importante saber que o tecido adiposo tem uma enzima que induz os hormônios adrenais a se transformarem em estrógeno, um hormônio que predispõe ao tumor de mama. Por isso que é um fator de risco, como também é nas mulheres”, explica a médica.

“Inicialmente, são observados nódulos nas cadeias das mamas, podendo ser apenas um ou mais de um em uma mesma mama, em mais de uma, tanto em mamas de um mesmo lado quanto em mamas de lados diferentes – esquerdo ou direito. E os tumores nelas não são, necessariamente, os mesmos. É possível que cada mama tenha um tumor de tipo diferente”. A médica diz que “tirar só um e mandar para análise laboratorial não significa que os demais sejam do mesmo tipo. Assim como um novo tumor em uma fêmea pode não ser do mesmo tipo do que foi tratado anteriormente nela”.

Tratamento do câncer de mama em cadelas e gatas

O procedimento inicial é a cirurgia para a remoção desses nódulos, com base no estágio da doença na cadela ou na gata”, diz a médica. “Então, se a paciente não teve metástase, ou seja, se o câncer não se espalhou para outras partes do corpo e está localizado apenas no tecido mamário, o tratamento é cirúrgico. Mas, a cirurgia pode variar:

  • Nas gatas – mesmo que o nódulo seja único e pequeno, é recomendado fazer a cirurgia das duas cadeias mamárias (mamas do lado esquerdo e mamas do lado direito), mas em momentos cirúrgicos diferentes. É retirado primeiro todo um lado, a paciente se recupera durante um mês ou um mês e meio e, depois, é retirado toda a cadeia do outro lado, mesmo que não tenha tumor. Isso porque a drenagem linfática das mamas nas gatas é cruzada.
  • Nas cadelas – se há tumor apenas de um lado, o foco será somente nele no início. Mas, a necessidade de retirar todas as mamas ou não varia com base no tamanho do tumor, em qual mama ele está e se há mais de um nódulo. Se há mais de um nódulo ou se ele for na mama central, retira-se a cadeia inteira. No entanto, se ele for nas mamas mais para a frente ou para o final, outros fatores influenciam se vai ser uma retirada parcial ou total.

“Depois que é feita a cirurgia, o nódulo é enviado para exame, que vai determinar qual é o tipo de tumor. Além de existir vários tipos de tumores malignos, ele pode ser benigno, mas também é possível que o nódulo não seja um tumor. Por exemplo, só de carcinomas (um tumor maligno) existem 20 tipos, cada um deles pode ter um grau de agressividade diferente. Na cirurgia também é retirado um gânglio linfático da região correspondente para saber se a doença já se espalhou. Todas essas informações são necessárias para determinar o tratamento”, conta a médica.

Se o tumor já atingiu outros lugares – como pulmão, baço, fígado, osso, linfonodos -, o tratamento é sistêmico, porque a doença já é sistêmica. Isso significa que a paciente vai precisar ir direto para a quimioterapia sem fazer cirurgia, pois o objetivo dela seria fazer o controle local da doença, o que não é mais o caso. A não ser que o tumor seja muito grande, ulcerado. Então, a cirurgia é feita para controle de dor, para conforto da paciente. Mas não para o controle da doença”, diz a Dra. Monalisa.

“Para o tratamento nas cadelas – explica a médica – é preciso avaliar o tipo e agressividade do tumor e o estágio da doença. Já nas gatas, 85% dos tumores de mama são muito agressivos. Muitas vezes, já há metástase quando o diagnóstico é feito. Então, é necessário fazer quimioterapia na maior parte dos casos”.

Prevenção do câncer de mama em cadelas e gatas

Para prevenir o câncer de mama em cadelas e gatas, a médica alerta que é preciso “evitar a obesidade, não ter uma dieta com alimentos gordurosos e fazer a castração precoce. Nas gatas, é recomendado fazer antes do primeiro cio. Nelas, o risco de desenvolver a doença vai aumentando até o terceiro cio e, depois dele, não há mais benefício em fazer a castração no que diz respeito ao tumor de mama”.

“Nas cadelas, é recomendado fazer a castração entre o primeiro e o segundo cio. Dependendo da raça, isso pode ser modificado. Nas raças grandes, em cadelas até 20 kg, o recomendado é fazer a castração entre o segundo e o terceiro cio. Acima desse peso e dependendo da raça, pode ser indicado fazer mais tarde. O veterinário precisa avaliar o que é melhor fazer dependendo do caso”.

É muito importante que o tutor leve o animal periodicamente ao veterinário e para fazer exames sempre que indicado. Pois isso ajuda a detectar precocemente o câncer de mama em cadelas e gatas, o que aumentas as chances de sucesso no tratamento. Assim como a detecção e tratamento de várias outras doenças”, finaliza a médica.

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